Abstract

Este trabalho tem a intenção de colaborar com a discussão sobre religião e pobreza
num momento em que a Igreja Católica Apostólica Romana avança na sua
abordagem do princípio da integralidade. Compõe uma investigação de
doutoramento em Serviço Social que tem por objetivo analisar os contributos do
movimento Economia de Francisco no pensamento social da Igreja Católica.
Desde a eleição do Papa Francisco em 2013, é notória a (re)aproximação da Igreja
Católica à perspectiva que prioriza a opção pelos pobres por meio da justiça social,
de forma límpida, provocativa e em um parâmetro global. Este pontificado
registra-se como um marco evolutivo no pensamento social da Igreja Católica e uma
das razões é a construção de um diálogo propositivo por uma “Igreja em saída”
usado como ferramenta para alcançar aqueles invisibilizados pela sociedade (ou
que vivem em constante desigualdade). O resultado teórico destes 11 anos é uma
revisão de literatura com estudos desenvolvidos a partir de uma cronologia de
documentos e discursos papais onde a análise constata um desejo revolucionário
que em 2019 foi parcialmente concretizado na Economia de Francisco. Revolução
por exigir um conjunto de transformações, um mundo sustentável que propõe uma
interligação entre a questão ecológica e uma refundação da economia pautada em
valores humanitários, rompendo com o capitalismo atual que o Papa
metaforicamente denomina de “nova tirania”.
Metodologicamente, o engendramento do movimento Economia de Francisco
funciona sob o princípio da integralidade e depende do ativismo de um conjunto de
sujeitos convocados para a vivência de uma cidadania plena e participativa, através
de construções coletivas e do enfrentamento de muitos desafios, dentre eles, a
reciprocidade entre católicos e não católicos.
A apresentação deste trabalho constata a complexidade deste movimento que é
internacional e se desenvolve nas especificidades territoriais de mais de 100 países.
Para fins de contextualização do universo do movimento Economia de Francisco no
interior da Igreja Católica, destacam-se apontamentos sobre a trajetória do
posicionamento instituído pela Doutrina Social perante a pobreza sob o viés do
Desenvolvimento Humano Integral. E, para difundir o debate sobre os contributos na
lógica dos movimentos populares católicos, acrescentam-se as propostas que
fundamentam a Economia de Francisco no combate à pobreza na integralidade da
“Casa Comum” em busca de uma economia sustentável e inclusiva.

Palavras-chave: Economia de Francisco; Desenvolvimento Humano Integral;
Pobreza; Doutrina Social da Igreja.

Biographic note

Assistente social licenciada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, integrante do movimento internacional The Economy of Francesco e aluna do Programa Interuniversitário de Doutoramento em Serviço Social da Universidade Católica Portuguesa.