Entre a revolução iniciada a 25 de Abril de 1974 e 2 de Abril de 1976 - data em que foi aprovada a Constituição da República Portuguesa - diversos católicos fizeram parte dos agentes de profundas transformações políticas, sociais, económicas e culturais. Quer nos movimentos sociais, quer nos lugares institucionais do novo poder, aquela pertença e a inserção de católicos marcou desde a primeira hora o processo revolucionário em curso.
Nas ações desencadeadas em nome da legitimidade revolucionária e nas iniciativas que foram materializadas ao abrigo da legalidade revolucionária, interessará perscrutar, em particular, entre protagonistas católicos, que valores, que fundamentos, que ideais e ideias nortearam os sujeitos políticos e os seus usos, com a intencionalidade de influenciar a revolução.
A título exploratório, a abordagem que nos propomos apresentar tem por objetivo contextualizar trajetórias de intervenção política e identificar as instâncias e modalidades de concretização dos valores do DHI na etapa histórica em análise.
É neste quadro que a nossa exposição se pretende situar, baseando-se em fontes arquivísticas e em registos orais, prosseguindo uma metodologia de análise qualitativa de conteúdos.
Biografia:
Edgar Silva (Funchal, Madeira, 1962). Atualmente é bolseiro de pós-doutoramento na Universidade Católica Portuguesa (Programa CADOS para o Desenvolvimento Humano Integral). Obteve o seu doutoramento em História com especialização em História Contemporânea pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (2023) no PIUDHIST - Programa Interuniversitário de Doutoramento em História (Mudança e Continuidade num Mundo Global). Foi bolseiro de doutoramento da FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia (2019-2023) com a tese sobre o catolicismo social e o compromisso político em Portugal (1965-1976) intitulada “'Vendaval de Utopias'. Do catolicismo social ao compromisso político em Portugal (1965-1976). Os católicos da revolução e o PCP”.
