O problema do arquivo psiquiátrico na contemporaneidade

Recentemente uma nova vertente de estudos tem tomado a dianteira das questões que cercam a loucura, trazendo novas possibilidades enunciativas. Conhecida como Mad Studies – ainda sem tradução para o português –, pretende dar uma nova oportunidade de compreensão à história do louco e da loucura a partir das suas próprias definições. Empiricamente, trata-se de criar espaço de fala e ação ao sujeito louco, de seus “simpatizantes”, familiares e estudiosos a partir da própria perspetiva mad, enfaticamente contrária ao entendimento de que a loucura é mensurada pela falta de razão. Em seu desenvolvimento, os Mad Studies buscam um território para os estudos sobre a loucura e o sofrimento psíquico junto aos “Critical Disability Studies, Queer Studies, Critical Race Studies and Trans Studies” (International Mad Studies Journal Community). Esta comunicação questionará as possíveis contribuições do território português para este incipiente campo de investigação, dando especial ênfase às coleções de arte em hospitais psiquiátricos – tanto as negligenciadas quanto as musealizadas. Abrindo espaço para o debate dos arquivos instáveis e difíceis, terá como ponto de partida as questões: É possível pensar em Mad Archives? Como os arquivos psiquiátricos, sobretudo os seus arquivos de arte, colaboram para a formação de um território novo de perceção da loucura? 

Biografia:

Investigadora no Programa de Pós-Doutoramento em Desenvolvimento Humano Integral e investigadora colaboradora em Estudos de Museus (IHA-NOVA) e nos Arquivos Marginais (UDESC-Brasil). Possui um doutoramento em História da Arte (FCSH-NOVA), um mestrado em Antropologia (FFLCH-USP) e uma licenciatura em Ciências Sociais (FESPSP). O seu trabalho tem contribuído para expandir o debate sobre arte e saúde mental em Portugal e levantou questões nas instituições psiquiátricas sobre a necessidade de preservar os bens culturais. Nos últimos anos, tem trabalhado com arquivos psiquiátricos com especial foco em coleções de arte, promovendo debates sobre patrimónios difíceis e arquivos instáveis, além de trabalhar a loucura como um conceito significativo para o campo das artes

Testimonial

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António Oliveira

Fellow do Programa em Desenvolvimento Humano Integral
Plural, multidisciplinar, desafiante, potenciador de um humanismo fraterno e inclusivo...